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GENERAL ALFREDO VIDAL

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Transcrição do Boletim Especial da Diretoria de Serviço Geográfico, n° 09, de 28 de agosto de 1968.

Para conhecimento desta Diretoria e devida execução, publico o seguinte:

I — PRIMEIRO CENTENÁRIO DE NASCIMENTO DO GENERAL ALFREDO VIDAL

 

Comemora-se nesta data o Primeiro Centenário de nascimento do fundador do Serviço Geográfico Militar, atual Diretoria do Serviço Geográfico, General ALFREDO VIDAL. Nascido aos 28 dias do mês de agosto de 1868, na cidade de São Leopoldo, Estado do Rio Grande do Sul, desde muito cedo teve que enfrentar as agruras da vida. Ao ficar órfão de pai, aos 14 anos, não se deixou abater, ao contrário, logo demonstrou seu espírito de luta e de empreendedor ao colaborar no levantamento para a construção da Estrada de Ferro Porto Alegre Laguna. Nem por isso descuidou-se de seu preparo intelectual e as horas que lhe eram destinadas ao lazer, dedicava-se ao estudo, frequentando os cursos preparatórios no Colégio dos Jesuítas. Em 1885 desviava seus pensamentos para a carreira das armas, ingressando na Escola Militar de Porto Alegre. Em 1888, transferiu-se para o Rio de Janeiro onde viria concluir o Curso na Escola Militar da Praia Vermelha, sendo nomeado Professor-aluno.

Em 1890, já como 2º Tenente da Poderosa Arma de Artilharia, ingressava no Curso de Engenharia da Escola Superior de Guerra, o qual viria concluí-lo, com aproveitamento, em 1892, agora no posto de 1º Tenente. Não satisfeito com o seu já acentuado preparo militar, no ano seguinte, prestava concurso para Professor da Cadeira de Arquitetura da referida Escola, sendo aprovado e nomeado. Apresentou diversos projetos para edificações na Capital da República. Entre eles elaborou um completo estudo sobre prédios escolares para a Prefeitura. As maquetes e planos desses trabalhos foram expostos na Exposição Internacional de Higiene, em 1914, em Lyon — França — e obtiveram o 1° lugar, com menção honrosa.

Seu pendor pela Cartografia era inato e, desde 1903, estudava o assunto em revistas europeias, particularmente alemãs e austríacas, familiarizando-se com os trabalhos do Dr. Pulfrich, colaborador científico da Casa Zeiss, sabre Estereofotogrametria. Em 1912, levava ao conhecimento do Chefe do Estado-Maior do Exército os resultados de seus estudos, salientando a conveniência da adoção dos novos métodos em todos os trabalhos de levantamento. Em 1915, era publicado um relatório que o então Major ALFREDO VIDAL havia apresentado ao EME, sobre a introdução da Estereofotogrametria no Brasil e o plano geral de criação do Serviço Geográfico Militar. O plano de organização do Serviço Geográfico Militar é finalmente autorizado pelo Ministro da Guerra em 1917, e, em 1919, graças ao espírito de tenacidade de ALFREDO VIDAL, foram contratados diversos técnicos do Instituto Geográfico Militar de Viena, dando início aos trabalhos de campo e de gabinete. Como organizador e primeiro Diretor do Serviço Geográfico Militar deixou marcantes traços de sua personalidade e profundos vínculos de sua firmeza de atitudes e de justeza de atos. O exemplo do Gen VIDAL, muito mais do que um legado de orgulho e de honra, é um compromisso que herdamos do nosso antepassado, que soube, com sacrifício e trabalho contínuo, firmar no seio do Exército, esta Organização Militar. Naquele anseio do Gen VIDAL, de criar e de elevar cada vez mais o Serviço Geográfico Militar, é que se encontram, tanto o sentido moral, como a substância espiritual das comemorações de hoje. O compromisso de honra da DSG, na evolução da Cartografia Brasileira e na defesa desse ideal de seu fundador, é o das próprias palavras do juramento do soldado, que todos prestamos, de geração em geração, na continuidade dos tempos. E ele se engrandece, na sua expressão mais profunda, para os que, como nós, temos o orgulho de ser soldados do Serviço Geográfico do Exército, ante a visão do passado longínquo, bem presente, agora ao nosso espírito, na evocação da grande figura que o Exército escolheu para ser o fundador de nossa OM. Aqui estamos para proclamá-lo; para que não se presuma que o exemplo deste bravo se perdeu no esquecimento; para que se não suponha que lhe faltamos com o dever de nossa gratidão; para que se não duvide de nosso apreço comovido; e, sobretudo, para que se atente e veja, na luta do Gen VIDAL — tão digna, a firme e inabalável decisão de criar um Serviço como este, para a honra do Exército e da Cartografia Nacional.

 

Artigo publicado na revista “A DEFESA NACIONAL”, n° 620 em Jul/Ago de 1968.

Nasceu a 28 de agosto de 1868, na cidade de S. Leopoldo, no Estado do Rio Grande do Sul, Alfredo Vidal, filho do Engenheiro José Maria Vidal e D. Augusta Vidal. Seu progenitor, de nacionalidade espanhola, chegou ao Brasil em 1848 e se empenhou em trabalhos da profissão, entre eles o levantamento da região Serrana da então Província do Rio Grande do Sul.

Órfão de pai aos 14 anos, Alfredo Vidal empregou-se como desenhista, colaborando no levantamento para a construção da estrada de ferro Porto Alegre Laguna, a qual seria realizada por uma companhia inglesa. Trabalhando e estudando, completou os cursos preparatórios no Colégio dos Jesuítas da cidade natal, ingressando em 1885 na Escola Militar de Porto Alegre. Em 1888, transferiu-se para o Rio de Janeiro e concluiu um ano depois o curso na Escola Militar da Praia Vermelha, sendo nomeado alferes aluno. Em 1890, já era 2.° Tenente de Artilharia e em 1892, como 1.° Tenente, terminava o curso de engenharia da Escola Superior de Guerra. Em 1893, fazia o concurso para professor da cadeira de Arquitetura da mesma Escola, sendo aprovado e nomeado. Nesse ano, durante a revolta, foi o chefe de locomoção da EFCB, quando a mesma Escola era dirigida pelo Gen Vespasiano de Albuquerque. Além desse cargo, exerceu várias comissões importantes, como as de construção do Palácio Monroe, Biblioteca Nacional e Quartéis do Corpo de Bombeiros, edifícios ainda hoje existentes. Em 1907, serviu como Major assistente do Material do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro, então comandado pelo Cel Feliciano Benjamin de Souza Aguiar. Em 1914, passou à disposição do Gen Bento Ribeiro, então Prefeito do Distrito Federal, para elaborar os projetos dos edifícios escolares a serem construídos na Capital da República. O meticuloso trabalho do então Maj Vidal previa o desdobramento de uma rede escolar para os próximos cinquenta anos e descia a pormenores técnicos de instalação de salas ambiente, de estudos soabre a ventilação e iluminação, de utilização dos meios auxiliares de ensino, em estágios considerados pioneiros à época. As maquetes e planas desse trabalho foram apresentados pela Delegação Brasileira chefiada pelo Dr. Carlos Seidl, na Exposição Internacional de Higiene, em 1914, em Lyon (França) e obtiveram o 1.° lugar, com Menção Honrosa, como protótipos de prédios escolares. Infelizmente, nem um só desses prédios foi construído no Brasil.

Em 1912, levou ao conhecimento do Chefe do Estado-Maior do Exército os resultados desses seus estudos, salientando a conveniência da adoção dos novos métodos em todos os trabalhos de levantamento.

A revista A Defesa Nacional, no seu número inicial, de 10 Out 1913, publicou nota a respeito daqueles estudos, como se segue:

Estereofotogrametria — Por uma louvável iniciativa do Exmo. Sr. Prefeito do Distrito Federal (então Sr. Gen Bento Ribeiro) e as instâncias do hábil engenheiro, operoso e dedicado oficial, o Sr. Maj Alfredo Vidal, vai brevemente ser introduzida no Brasil essa genial aplicação da fotografia à cartografia.”

Esta mesma revista, em outubro de 1915, publicou o circunstanciado relatório que o então Maj Alfredo Vidal apresenta ao Chefe do Estado-Maior do Exército sobre a introdução da estereofotogrametria no Brasil e o plano geral de criação do Serviço Geográfico Militar. Tal plano iniciou-se com a organização de uma Seção especializada no EME, a aquisição do material necessário e a instrução técnica de operadores nacionais, tudo a cargo do Maj Vidal. O plano de organização do SGM é, finalmente, autorizado pelo Ministro da Guerra em 1917. Em 1919, graças ao empenho permanente de Alfredo Vidal, são contratados vários técnicos do antigo Instituto Geográfico Militar de Viena, que a partir de 1920 e durante longos anos, aqui prestaram relevantes serviços: Dr. Arthur Von Hübl, Augusto Pokorny, Eduardo Vallo, Eng. D. Gaksch, Max Kolbe, J. Antengruber e Rudolf Langer. Nessa época o Ten Cel Vidal recebeu do então Cel Alfredo Malan, carta procedente de nossa delegação em Paris, onde seu ilustre corresponde assegura:

Estou certo de que se não fosse o seu espírito de tenacidade e a confiança que soube inspirar ao nosso Estado-Maior, essa instituição (referia-se ao SGM) já teria ido por águas abaixo.”

Auxiliado por aquele corpo de abalizados instrutores estrangeiros, deu início aos trabalhos de campo e de gabinete. Com a transformação da primitiva Seção de Estereofotogrametria no Serviço Geográfico Militar, em organização, p0de o Cel Vidal, a 21 de novembro 1921, empreender a grandiosa tarefa do levantamento da Carta do Distrito Federal, que em novembro de 1922 aquele Serviço apresentou no recinto da Exposição do Centenário da Independência. Era uma carta impressa em sete cores, na escala de 1/50.000, cobrindo uma área de 1.000 quilômetros quadrados.

Em boletim do dia 19 Nov 1921, o Cel Alfredo Vidal estabeleceu que, doravante, essa data fosse considerada a de aniversário convencional do SGM e nesses eventos seria dada uma “cabal demonstração da produção útil do Serviço durante o ano”. Assinaram esse histórico Boletim seus auxiliares imediatos, professores e instrutores técnicos, cujos nomes, com os postos da época, incorporam-se à tradição daquele Serviço: Cap João Carlos Barreto, Primeiros Tenentes Telemaco Rodrigues, Hermenegildo Portocarrero, Othelo de Oliveira, Clodoaldo da Fonseca, Antonino José de Lima Câmara, Sebastião Claudino de Oliveira e Cruz, Gontran Gonçalves Cruz, Ariosto Daemon, Ignacio José Veríssimo, João Masson Jacoues, Antunes Guimarães, Aureliano Luiz de Farias, José C. S. Vasconcellos, Oscar Barros Falcão, Alkinder P. Ferreira, Dulcidio Cardoso, Tasso de Oliveira Tinôco, Edgar de Albuquerque Alves Maia, Olympio Falconiere, L. Agapito da Veiga, E. Theophilo de Serpa, Djalma Poli Coelho, Victor Geolaz, Henrique Dufles Teixeira Lott e Dr. Gilberto Peixoto. Em 1923, já contando com 43 anos de serviço ativo no Exército, solicitou como General de Divisão transferência para a reserva, deixando a direção do SGM cercado do respeito e amizade de seus discípulos e subordinados e merecendo significativos registros nas publicações da época.

O Gen Alfredo Vidal foi membro de várias associações científicas, nacionais e estrangeiras, e irmão benfeitor da Irmandade da Santa Cruz dos Militares, cujo templo reconstruiu, reproduzindo rigorosamente o estilo arquitetônico original.

Faleceu o Gen Alfredo Vidal em 4 de fevereiro de 1947, deixando nove filhos, dos quais dois já falecidos, dezesseis netos e vinte e oito bisnetos. Entre esses, ligaram-se à carreira militar os filhos Maj Brig R/1 Godofredo Vidal (falecido em 1958) e o Ten-Cel R/1 Jorge Augusto Vidal e os netos, em serviço ativo, Cel Art Germano Seidl Vidal e Maj Art Claudio Vidal Barboza. A Diretoria do Serviço Geográfico, do Ministério do Exército, herdeira do Serviço Geográfico Militar, está prestando homenagens ao seu pioneiro, General Vidal, no seu centenário, a 28 de agosto de 1968, às quais se associa esta Revista.

 

Artigo Publicado no “Noticiário do Exército”, nº 2.698, em 28 de agosto de 1968.

A Diretoria do Serviço Geográfico, atualmente dirigida pelo General Carlos de Moraes, comemora hoje o centenário de nascimento do General Alfredo Vidal, fundador e primeiro diretor do Serviço Geográfico Militar, hoje DSG, e introdutor da estereofotogrametria no Brasil.

Nascido na Cidade de São Leopoldo, RS, órfão de pai aos 14 anos, empregou-se como desenhista, colaborando no levantamento para a construção da estrada de ferro Porto Alegre — Laguna. Trabalhando e estudando, ingressou na Escola Militar de Porto Alegre, concluindo o curso na Escola Militar da Praia Vermelha. Exerceu várias comissões importantes, como as da construção do Palácio Monroe, da Biblioteca Nacional e do Quartel do Corpo de Bombeiros, edifícios ainda hoje existentes. Seu pendor para a Cartografia era inato, estudando o assunto em revistas europeias e familiarizando-se com os trabalhos sabre estereofotogrametria do Dr. Pulfrich, colaborador científico da casa Zeiss, na Alemanha. Em 1912, levou ao conhecimento do Chefe do Estado-Maior do Exército os resultados de seus estudos, visando à introdução, no Brasil, a aplicação da fotografia à cartografia. O plano de organização do SGM foi, finalmente, autorizado pelo Ministro da Guerra, em 1917.

Em 1921, o então Cel Vidal empreendeu a grandiosa tarefa do levantamento da carta do Distrito Federal, apresentada em 1922 na Exposição do Centenário. Em 1923, com 43 anos de Serviço Ativo, deixou a direção do SGM, transferindo-se para a Reserva.

 

Artigo publicado no “Boletim da Biblioteca do Exército, nº 50, em dezembro de 1968.

Estou certo de que se não fosse o seu espírito de tenacidade e a confiança que soube inspirar ao nosso Estado-Maior, essa instituição já teria ido por águas abaixo”. (Carta do então Cel Alfredo Malan, referindo-se à atuação do Gen Alfredo Vidal, na época Ten Cel, junto ao S G M)

A Diretoria do Serviço Geográfico comemorou, dia 28 de agosto passado, o centenário de nascimento do General Alfredo Vidal, fundador e primeiro diretor daquele órgão.

Nasceu o insigne soldado na cidade de S. Leopoldo, no Estado do Rio Grande do Sul.

Antes de ingressar na antiga Escola Militar de Porto Alegre, iniciou seu aprendizado cartográfico, como desenhista, no levantamento para a construção da linha férrea entre Laguna e Porto Alegre, completando também, no Colégio dos Jesuítas, em sua cidade natal, os estudos preparatórios. Em 1885, ingressa na Escola Militar de Porto Alegre e, em 1888, é transferido para a Escola Militar da Praia Vermelha. Em 1890, já era 2.° Tenente, terminava o Curso de Engenharia da Escola Superior de Guerra sendo nomeado, em 1893, professor de Arquitetura da mesma Escola.

Dentre as várias comissões desempenhadas, destacam-se as seguintes: chefe de locomoção da EFCB; construção do Palácio Monroe, Biblioteca Nacional e Quartel do Corpo de Bombeiros; reconstrução da igreja da Santa Cruz dos Militares; estudo sabre planificação de uma rede de escolas (trabalho laureado pela Exposição internacional de Higiene, em Lyon, na França, em 1914, infelizmente não executado no Brasil).

Submeteu ao Estado-Maior do Exército, em 1912, o resultado de suas pesquisas referentes à aplicação, no Brasil, da fotografia à cartografia, assim como, em 1917, um plano para a criação do Serviço Geográfico do Exército.

Em 1917, o Ministro da Guerra autoriza a execução dos trabalhos e, a partir de 1920, o novo órgão começa a receber uma plêiade de técnicos do antigo Instituto Geográfico de Viena, a qual, durante vários anos, prestou assinalados serviços à organização nascente. Em 1923, como General de Divisão, apresentando 43 anos de relevantes serviços prestados ao Brasil, o Gen Alfredo Vidal deixa a direção do SGM, passando para a reserva.

Faleceu em 4 de fevereiro de 1947.

Pelo transcurso do centenário do nascimento de tão destacada personalidade, a BIBLIEX congratula-se com a Diretoria do Serviço Geográfico.

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